Archipo Góes
Nesse artigo, apresentaremos a história e fatos para contextualizar a edificação da Catedral de Coari.
Em 1910, o município de Coary possuia uma Comarca[1] e os seus 05 distritos: A vila de Coary, o distrito do Barro Alto, distrito de Camará, distrito de Itapéua e distrito de Piorini. A população no final da primeira década do século XX era de 11.000 mil habitantes e 295 eleitores[2]. A Superintendência Municipal (Prefeitura) era presidida pelo Coronel Lucas de Oliveira Pinheiro.
A atual igreja matriz de Coari foi inaugurada em 1910 pelo Padre Víctor Merino, que trabalhou em Coari entre os anos de 1906 a 1910. Ela possui estilo arquitetônico espanhol e na época possuía apenas a nave central.
Em 13 de julho de 1963, foi erigida a Prelazia de Coari pelo Papa Paulo VI através da Bula Ad Christi. Contudo, a prelazia só foi instalada em 11 de março de 1964 numa celebração feita pelo bispo de Manaus, Dom João de Souza Lima, que entregou a prelazia aos missionários Redentoristas que já atuavam nessa região e também em Codajás e Manacapuru. O primeiro bispo prelatício foi o americano, Dom Mário Robert Emmet Anglim, que foi escolhido no dia 25 de abril de 1964 também pelo Papa Paulo VI.
Início da obra de ampliação da igreja matriz de Coari
O Pe. Alyrio Lima dos Santos (Padre Lima — 19/12/1931 a 12/07/1913) missionou o evangelho em Coari entre 1958 e 1962, após isso, viajou para fazer um curso de direito canônico e alguns pequenos cursos de arquitetura em viagem a Roma ente os anos de 1962 a 1964. Ao voltar ao Amazonas em 1964, foi designado pelo bispo Dom Mário para ser seu vigário geral e diretor da direção da Rádio Educação Rural de Coari. Contudo, sua mais difícil e ousada missão, foi projetar e coordenar a ampliação da igreja matriz da Paróquia de Coari, sede da prelazia, sendo construída 02 naves laterais e dando esse aspecto suntuoso e imponente a edificação.
Pe. Lima explicava aos paroquianos que independentemente de onde você estivesse, na nave central, nave direita ou esquerda, poderiam assistir à celebração do padre sem empecilhos. Deu-se início às obras e a partir daquele momento, as missas, batizados, casamentos etc foram realizados no prédio da paróquia, que mais tarde, seria conhecido como Centro Dom Mário.
Sagração da Catedral de Coari
Era uma segunda-feira, dia 26 de julho de 1971, data essa, que também inicia os festejos de Sant’Ana, gloriosa padroeira de Coari e cujas solenidades foi ponto alto a grandiosa cerimônia de sagração da Catedral Prelatícia de Coari. A antiga sede paroquial, dedicada a São Sebastião e a Sant´Ana conjuntamente, foi inteiramente remodelada e ampliada, tornando-se um belo e grandioso templo que é uma afirmação de fé do povo coariense, tanto como clássica dedicação e zelo dos padres Redentoristas.
A convite do primeiro Bispo Prelado de Coari, Dom Mário, o arcebispo metropolitano Dom João de Sousa Lima chegou à cidade de Coari no avião particular da prelazia para participar da grandiosa cerimônia e fez uma recomendação ao povo de Coari:
E falando de Igreja Catedral, não resistimos ao estímulo do próprio assunto para registrar um augúrio de caráter cultural religioso. É este: oxalá os católicos da Prelazia de Coari honrem imediatamente a sua cultura religiosa habituando se a designar a sua principal igreja com o título que ela merece, de Catedral! Catedral Prelatícia, pois lá estará a CÁTEDRA de onde o Bispo ensinará a doutrina cristã contida na Escritura Sagrada e sobretudo nos Evangelhos. E não adquiram o costume sem qualificativo do povo de Manaus, quase na sua maioria que teima em diminuir a sua Catedral Metropolitana chamando de matriz simplesmente.
A Catedral de Coari foi assim revitalizada na gestão de Dom Mario Robert Emmet Anglin, bispo da prelazia de Coari e destaca-se por possuir a torre mais alta das igrejas do Solimões.
Moção de Júbilo
Em Coari, sede da Prelazia do mesmo nome, o povo vive, hoje, um dos maiores dias do seu calendário religioso. A antiga matriz paroquial de Santana e São Sebastião, hoje será sagrada Catedral Prelatícia, durante as festividades da gloriosa Padroeira. Do Cônego Walter Gonçalves Nogueira, um dos poucos sacerdotes coarienses, ao Exmo. Sr. Dom Mário Roberto Emett Anglin, Prelado de Coari, recebeu a Moção de Júbilo que ora transcrevemos.
“Excelentíssimo Senhor Bispo
Por ocasião da festa de Santana, gloriosa Padroeira de Coari, e quando se consagra a sua Catedral Prelatícia, o último dos filhos dessa terra em importância e o primeiro em ufania, felicita jubilosamente Vossa Excelência e, na sua pessoa, todo o Revmo. Clero e Religiosas da Prelazia de Coari, assim como o povo generoso e bom ao qual se associa com honra e alegria, nesta hora refulgente.
Queira abençoar-me, em Cristo Jesus.
Mui respeitosamente,
Cônego Walter G. Nogueira.”
Excerto do livro “A História de Coari” de Archipo Góes – 2021
[1] Corresponde ao território onde o juiz de primeiro grau irá exercer sua jurisdição e pode abranger um ou mais municípios.
[2] Nessa época só votavam homens alfabetizados com mais de 21 anos e que comprovassem posse, os religiosos e os militares).
Leia também:
A Chegada dos Padres Redentoristas em Coari – 1943
Villa de Coary, 2 de Dezembro de 1874 – Fragmentos da Origem da Villa e da Cidade de Coari-Am
2 comentários em “História da Catedral de Coari — 1910”
E os restos mortais de Dom Mário repousam no solo sagrado do altar da Catedral de Santana e São Sebastião.
Parabéns meu amigo. Como é divino conhecer a história da nossa belíssima catedral.