Archipo Góes
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O nome Montoril deriva de “Montorio”, monte existente na Itália de onde os primeiros membros da família saíram no sentido de Portugal e posteriormente migraram para o Ceará a fim de desenvolverem atividades agrícolas.
Alexandre Pereira Montoril, nasceu no dia 31 de janeiro de 1893, na cidade de Assaré, distrito do Crato, no estado do Ceará.
Seus pais foram Joaquim Montoril e Luzia Pereira Montoril. Filho caçula numa família com três irmãos: Antônio Pereira Montoril (nasceu em 31 de janeiro de 1880), o irmão mais velho; José Pereira Montoril (1891), o “Cazuzinha”, que ficou famoso ao levar seu primo Patativa do Assaré, com 20 anos ao Pará, onde passou 5 meses com os primos e bebeu na fonte da cultura paraense; e Maria Pereira Montoril (1881).
Seu irmão, Antônio Montoril, cedo começou a trabalhar no comércio e logo foi reconhecido por seu trabalho e tinha uma boa remuneração. Dessa forma, ele pagava toda a despesa da casa, chegando a pagar um professor para ensinar os irmãos.
No ano de 1898, seu pai, Joaquim Montoril, mudou-se de Assaré para o Pará com o intuito de prosperar em terras da Amazônia e se estabeleceu no Rio Tapajós cortando seringa. Cerca de 02 anos, ele retornou a Assaré e conduziu os filhos Antônio e José (Cazuzinha) para Macapá, ficando Alexandre e Maria e a mãe Luzia no Nordeste. Sua Irmã, Maria Montoril, que estava noiva, casou-se com João Lourenço.
Sua infância foi pobre, e logo cedo, para ajudar no sustento da família, Alexandre Montoril trabalhou como ferreiro e mais tarde como ourives. Mas logo em seguida mudou-se da cidade de Crato-CE, junto com sua mãe. Em pouco tempo se tornou funcionário público da Prefeitura com a função de Fiscal e Cobrador de Impostos na feira da cidade.
Em 1907, faleceu sua mãe Luzia, sendo então acolhido, pelo primo José Montoril. Longe da família que estavam no estado do Pará: no rio Tapajós estava seu pai trabalhando e seus irmãos em Macapá. E em junho de 1909 Alexandre Montoril foi ao encontro de sua família no Norte.
Depois de chegar na cidade de Macapá, passou a morar com os dois irmãos. E depois de 08 meses seu pai veio buscá-los e foram viver no Tapajós, contudo em junho de 1910, seu pai adoeceu e foi se tratar em Belém, onde veio a falecer, ficando órfão Alexandre Montoril com 17 anos.
Sendo acometido de Beribéri aguardou o fim do fábrico e voltou ao Ceará, logo se restabelecendo. Mas a saudade do Norte o fez voltar e em dezembro de 1912 chegou em Manaus.
Em janeiro de 1913, tornou-se praça da Força Policial do Estado. Depois de seis meses de instrução, no 07 de fevereiro de 1914 foi promovido a Cabo de Esquadra da CIA de Bombeiros.
Em 7 de fevereiro de 1914 foi promovido a cabo de Esquadra da CIA de Bombeiros. Em junho a 3º sargento intendente, e logo em seguida no dia 1º de outubro foi promovido a sargento-ajudante.
Em 1916, foi admitido na Faculdade de Odontologia de Manaus, diplomando-se em 1920. Logo em seguida, foi nomeado Delegado de Polícia em Tefé (1920/22), em Maués e em Eirunepé.
Em 1923, contraiu núpcias com Elisa Oliveira e, nesse mesmo ano, foi nomeado Interventor em Itacoatiara, no rápido governo revolucionário de Ribeiro Júnior, expressão maior, no Amazonas, do movimento tenentista que dominou o Brasil na década de 20.
Em 13 de janeiro de 1928, após o assassinato do Prefeito Herbeth Lessa de Azevedo foi nomeado Prefeito Militar de Coari, sendo, então, efetivado no posto de capitão da antiga Guarda Nacional, passando para a reserva remunerada.
8.1 – Prefeito de Coari
O governo de Montoril foi marcado pelo dinamismo e seu espírito construtor. Seu primeiro passo foi construir uma olaria que foi a base para todos os seus empreendimentos, que mudaram a aparência da cidade.
“Há quem diga ter sido ele o mais dinâmico de todos os prefeitos, erguendo prédios públicos aqui e ali, inclusive o grupo escolar, onde estudei; abrindo ruas, construindo pontes (como esquecer a ponte Álvaro Maia, exatamente a ponte pintada de verde, que ficava quase atrás de minha casa e que tinha, bem na frente, um pé de muçambê?)”. (Vasconcelos, 2002)
8.2 – O progresso da Cidade da Coary.
8.2.1 – Trapiche.
Por um rádio recebido pelo Dr. Álvaro Maia, interventor federal, estampado ontem no “Diário Oficial” e transmitido de Coary pelo respectivo prefeito Alexandre Montoril, sabe-se que foi ali inaugurado um trapiche com duzentos e sessenta metros de extensão, facilitando a atracação de dois vapores ao mesmo tempo.
Esse serviço, que atesta o progresso da cidade ribeirinha e a atividade do atual prefeito, custou a municipalidade cinquenta e oito contos, duzentos e oitenta e nove mil e vinte oito reis.
Em 5 de Novembro de 1933, o jornal do Território do Acre “A REFORMA” noticiou que foi inaugurada na vila de Coary no Amazonas, um engenho a vapor com turbinas para fabricação de açúcar.
8.2.2 – Biblioteca Municipal de Coari
No dia 22 de novembro de 1940, Jornal do Comercio Noticiou: Do senhor Alexandre Montoril, prefeito municipal de Coary, recebemos uma circular comunicando-nos haver sido inaugurada naquela cidade, no dia 10 do corrente, uma biblioteca popular denominada “Álvaro Maia”.
8.2.3 – A Praça Getúlio Vargas.
A Praça Presidente Vargas, como era denominada na época, foi o símbolo da administração de Montoril, onde foram construídos alguns marcos da arquitetura coariense: o obelisco, o coreto municipal, a Prefeitura em estilo colonial e o monumento do marco zero.
8.2.4 – Escola Francisco Lopes Braga
Em 30 de janeiro de 1935 a escola foi oficialmente criada pelo Decreto Lei n 4.508 e publicada no Diário Oficial nesta mesma data. Passando a ter seus estudos regularizados e sistematizados. Assim, passou a chamar-se “Grupo Escolar Francisco Lopes Braga”, seu nome atribuiu-se a uma homenagem póstuma do então, Prefeito Alexandre Montoril, ao seu primeiro professor no Ceará.
8.3 – Sua Vida Política
A história de Alexandre Montoril ainda é muito extensa, mas nesse primeiro volume da série dissertaremos somente até 1950.
No princípio do século XX, o líder político da cidade era o coronel Lucas Pinheiro, chegando ao ápice quando foi Superintendente Municipal (prefeito) biônico da cidade entre os anos de 1920 a 1926, quando perdeu a liderança para Deolindo Dantas (que teremos um capítulo para descrever sobre sua vida).
Após a reforma Constitucional de 14 de fevereiro de 1926, foi nomeado Prefeito Constitucional, em 13 de abril de 1926, o avultado escritor Péricles Moraes, contudo, devido ao grande agastamento da capital, Manaus, e das poucas condições da cidade, o mesmo apenas ficou um ano.
Em 12 de Janeiro de 1927, assumiu o Governo Municipal, Dr. Herbert Lessa de Azevedo, natural de Manaus, filho do grande escritor Raul de Azevedo. Que foi assassinado em 23 de junho de 1927. Fato esse que foi o determinante para a vinda de Montoril a Coari como interventor.
Após a revolução de 30, houve uma intervenção geral, Montoril foi indicado prefeito para o período de 1932 a 1936 (seu primeiro mandato), depois foi eleito novamente para o ciclo de 1936 a 1939 (segundo mandato). Houve ainda, um período de prefeito nomeado, na ocasião da intervenção da ditadura, o Estado Novo, chefiado por Getúlio Vargas (1939 a 1947), ficando as eleições livres suspensas e os partidos políticos abolidos. Dessa forma, Alexandre Montoril permaneceu 15 anos no poder como prefeito de Coari.
Com o período pós Estado Novo, exatamente no dia 27 de abril de 1947, Montoril é eleito deputado estadual representado Coari na Assembleia Legislativa do Amazonas. E ainda em Coari, elegeu seu sucessor a prefeito, o Senhor Edgar da Gama Rodrigues, através de eleições diretas, sobressaindo seu grupo político.
A Câmara Municipal ficou composta de: Teófilo Marques Vera, Antenor Albuquerque Leitão (Presidente 1947/1948), Dulce Cruz de Moraes (Primeira Vereadora do Município de Coari), Enedino Monteiro da Silva e Raimundo Monteiro Junior (Presidente 1949/1951).
Fonte: Livro Nunca Mais Coari: a fuga do Jurimáguas – Archipo Góes
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5 comentários em “Alexandre Montoril – Personalidade Histórica”
gostei muito de saber coisas dos nossos antepassados. coisas que ninguem fala nem comenta e são coisas nossas , das nossas raizes profundas, e melhor ainda com fotos.parabens e muito obrigada.esta é a primeira vez que leio este texto nunca havia escrito nem deixado meus comentários sobre tudo que li agora, acima. portanto Parabens.
Sempre nos é surpreendente conhecer, resgatar ou reconhecer a memória histórica de nossas cidades amazônicas, e principalmente, a trajetória de seus fundadores e administradores. A face de Coari, fundada e celebrada por Montoril, consumiu e desgastou a antiga face da Vila de Coary. A vila foi oficializada em 1874, mas apenas em 1896 ganhou uma face inovadora e urbanizada. Era o período áureo da borracha! Foi nesse período que a ponte sobre o igarapé de São Pedro foi construída, hoje, feira do Produtor Rural. Também, foi naquele ano que a Praça, hoje conhecida Praça do Cristo, receberia uma de suas primeiras denominações! Praça Coronel Maurício. Anos depois, seria Praça Eptácio Pessoa, daí, Praça Péricles de Moraes ( este foi prefeito antes de Herbert Lessa e um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras). Também já foi chamada de praça Primeiro de Maio, e após o assassinato de Herbert Lessa, receberia o nome deste. Todavia, após Montoril assumir o comando da Vila, decretou no dia 20 de setembro de 1937 que a praça seria chamada de Presidente Getúlio Vargas! Na imagem que se tem da praça acima, temos o primeiro desfile descolar dos alunos da escola nossa senhora do perpétuo Socorro, este desfile está registrado na obra das irmãs adoradoras do preciosíssimo sangue, “Sangue Redentor nas Trilhas da Esperança”. A praça, que hoje é mais conhecida como Praça do Cristo, guarda muitas histórias e acontecimentos esquecidos pelo tempo e pela falta de zelo, o que ocorre em todo país! No lado esquerdo do prédio de dois andares, que se destaca próximo do coreto, está o prédio do primeiro grupo escolar da Vila de Coary, o João Pinheiro. O Lopes Braga não é o grupo escolar pioneiro, como vimos. Mas sempre é bom resgatar um pouco dessas histórias, pois são surpreendentes!
Boa tarde!
Sendo eu sobrinha neta de Tio Alexandre Montoril, não tinha conhecimento de tão linda história. Minhas irmãs mais velhas conheceram Tio Alexandre.
Hoje pesquiso tudo sobre os Montorios.
Resgatar as memórias de nossas origens é gratificante.
Excelente história real.
Sou Alberico Montoril Rocha, minha Mãe era prima de Alexandre. O conheci em minha residência em Belém do Pará, próximo dos anos 1958. O visitei em Manaus-Amazonas, em 1968, na sua residência. Depois perdi o contato. Cidadão Íntegro e Desbravador. Elogiável.
Faço dos comentários de Alberico os meus só acrescentando o nome de nossa mãe Celina Montoril Rocha.