O professor do Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Ygor Olinto Rocha Cavalcante (28), em parceria com Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Coari (Secult), lançou na última sexta-feira (08) o livro “Uma Viva e Permanente Ameaça: resistências, rebeldias e fugas escravas no Amazonas provincial”. A obra, que segundo o autor, nasceu de uma dissertação de mestrado, coloca em evidência novas e relevantes informações sobre a escravidão africana no Amazonas.
Com 250 páginas e dividido em três capítulos, o livro “Uma Viva e Permanente Ameaça: resistências, rebeldias e fugas escravas no Amazonas provincial” descreve pormenores sobre a escravidão negra no Amazonas entre os séculos XVII-XXIX a partir de um longo trabalho de pesquisa em acervos e bibliografias no Amazonas, no Pará e no Maranhão. E, tomando como protagonistas as culturas africanas, as comunidades negras e os quilombolas o autor revela um universo pouco explorado da historiografia brasileira ao tornar pública histórias de personagens que ficaram invisíveis por mais de um século, ajudando assim, a aprimorar o entendimento da sociedade amazonense durante o período escravocrata.
Ao relatar que “A sociedade amazonense de meados do século XIX estava assentada na liberdade precária da maioria de seus habitantes e, ao mesmo tempo, profundamente comprometida com a escravidão negra”, o autor põe em “cheque” o trabalho de outros historiadores que afirmam que a presença negra no Amazonas é pequena e que a escravidão africana por aqui foi insignificante. O livro apresenta uma sociedade marcada por hierarquias e explorações do trabalho indígenas, negros, mulatos, pardos, carafusos, caboclos, tapuias, e caborés, com fatos reais das lutas e das tentativas de fugas daqueles que tentavam fugir do cativeiro, mas que eram perseguidos até mesmo pelas autoridades policiais e governamentais.
O livro revela dados históricos, que comprovam, que mesmo depois da abolição da escravidão no Brasil, os “senhores” continuaram a explorar o trabalho escravo até de forma mais violenta, quando crianças eram retiradas de seus pais, culpados de serem pobres e negros ou indígenas, para serem entregues a quem pudesse, a pretexto de educar-lhes.
Para Elaine P. Rocha, professora da University of the West Indies, Cave Hill, Barbados, “a obra veem preencher uma lacuna” por trazer uma visão nova, rica e inclusiva da sociedade amazonense do século XIX. “O que o Ygor mostra aqui (no livro) não apenas merece ser inserido na grande historiografia brasileira e internacional por apontar pontos convergentes entre a história da escravidão nas áreas de monocultura brasileira e nas regiões de Planations nos Estados Unidos, como também merece ser louvado pelo fato de mostrar o diferencial entre essas regiões e o Amazonas”, avalia Elaine Rocha.
Sobre o autor
Ygor Olinto Rocha Cavalcante é historiador e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) – Campus Coari. Leciona Sociologia, Filosofia, História e Ética, sob a influência de Karl Marx e Sigmund Freud. Mestre em História Social da Amazônia (2013) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM); atua nos grupos Sociedade Amazônica (IFAM) e Migrações e Africanidades Latino Americanas na Amazônia (UFAM), dedicando-se aos temas da História Social do Trabalho e da Escravidão na Amazônia. Em 2010, recebeu prêmio no Concurso Nacional de Monografias e Dissertações sobre a Cultura Afro-brasileira pela Fundação Palmares e Ministério da Educação e da Cultura.
Daniel Almeida
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