A Obra Simá, Romance Histórico de Lourenço Amazonas

Texto de Núbia Litaiff – Professora do CEST/
UEA fundamentado em Tenório Telles. VALER
CULTURAL, ano I, nº 01, abril/2012 (p. 16-17).

O romance “Simá – Romance Histórico do Alto Amazonas” é um romance contemporâneo do ciclo das narrativas indianistas do Romantismo Brasileiro. De autoria de Lourenço Amazonas, foi publicado em 1857, no mesmo ano em que o GUARANI, de José de Alencar, veio a público.

Segundo Tenório Telles, professor de Literatura Brasileira, autor de A DERROTA DO MITO, o romance SIMÁ, do ponto de vista temático e histórico, tem mais relevância que Iracema, embora faltasse a Lourenço Amazonas, o talento literário de José de Alencar.

Segundo Telles no artigo intitulado “Simá, um romance amazônico”, a percepção de Lourenço Amazonas em relação à presença europeia na Amazônia é crítica e pessimista, o que difere do autor de Iracema, visto que José de Alencar é complacente e tenta justificar o processo civilizatório empreendido pelos europeus no Brasil e no continente americano” (TELLES, 2012, p.17).

O romance inicia no município de Coari, no centro do Amazonas e apresenta como personagens, o português Régis, oportunista que é acolhido na casa do tuxaua Marcos, um manau destribalizado. Marcos é pai de Delfina. Regis, utilizando-se do artifício do embebedamento, violenta e engravida a filha do indígena. Para se aproveitar de Delfina, o português inescrupuloso, coloca opio na bebida (vinho) do tuxaua e da filha.

Assim, o encontro de Regis (metáfora para o colonizador) e Delfina (o primitivo) foi violento e traumático, simbolizando “O comportamento da civilização europeia em relação aos povos autóctones da Amazônia e da América” (TELLES, 20012, p.18).

Após o fato, Marcos deixa a região do Solimões e volta para a região do Rio Negro, o que representa a tentativa de reconciliação do nativo com as suas origens. Na tentativa de livrar-se do passado traumático, marcos muda de nome e passa a se chamar de Severo.

Delfina, igualmente como a personagem Iracema, morre na narrativa.

Após o nascimento de Simá, que em língua geral, significa “luz”, a índia Delfina morre de tristeza. Simá, então é criada pelo avô nos costumes do povo Manaó e torna-se uma jovem muito bonita.

Regis chega ao Rio Negro e se encanta com a beleza de Simá. Utilizando o mesmo artifício usado com a mãe, violenta a jovem, porém reconhece em Simá, o colar que estava no pescoço de Delfina.

Marcos afirma ser “O Marcos lá de Coari” o que leva Regis ao desespero, porque descobre que a jovem Simá, na verdade, era sua própria filha. Segundo Tenório Telles, “O romance de Lourenço Amazonas é mais que uma denúncia, é uma metáfora da tragédia vivida, pelos povos nativos da Amazônia” (TELLES, 2012, p. 17).

***

images.livrariasaraiva.com.br

Está gostando ? Então compartilha:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brisa
Literatura
Archipo Góes

Minha Brisa Rosa

A autora relembra sua infância em Coari e as aventuras com sua bicicleta Brisa rosa, presente de seu pai em 1986. Após passeios noturnos pela cidade, um acidente lhe deixou uma cicatriz e encerrou sua relação com a bicicleta. A história mistura nostalgia e a lembrança de uma época marcada por diversão e pequenos riscos.

Leia mais »
Escadaria
Crônicas
Archipo Góes

Escadaria

O texto descreve uma viagem nostálgica da autora ao ser transportado de um trânsito parado para memórias de infância nos anos 80 em Coari. O caminho até a escadaria envolvia passar por figuras e locais marcantes da cidade. Ao chegarem ao rio, ela passava horas flutuando e apreciando aquele cenário.

Leia mais »
dança
Dança
Archipo Góes

Corpos em Movimento: Workshop Gratuito de Dança em Coari

O projeto “Corpos”, contemplado pelo edital Paulo Gustavo, oferece aulas gratuitas de Dança Contemporânea e Improvisação para jovens e adultos a partir de 11 anos. As oficinas exploram a expressividade corporal, a improvisação e o aprimoramento de técnicas básicas, com direito a certificado ao final do curso e uma demonstração artística para a comunidade.

Leia mais »
Garantianos
Folclore
Archipo Góes

Correcampenses x Garantianos

A crônica Correcampenses x Garantianos, narra a rivalidade entre os bois-bumbás Corre-Campo e Garantido em Coari, marcada por brigas e um episódio de violência em 1989. A retomada do festival em 1993 e a vitória do Corre-Campo geraram reações distintas. A crônica reflete sobre a polarização social, a cultura popular como identidade local e a importância da tolerância para a harmonia.

Leia mais »
Santana
Literatura
Archipo Góes

Um dia de Santana em Coari em uma Igreja Ministerial

O texto narra a vivência da festa da padroeira de Coari, retratando a devoção à Santana, a padroeira da cidade, e a importância da fé para o povo local. A narrativa destaca a movimentação do porto, a participação dos trabalhadores da castanha, a procissão, a missa e o arraial, revelando a religiosidade popular e a cultura local. A história do patrão e dos trabalhadores da castanha ilustra a exploração do trabalho na região, enquanto a presença do bispo e dos padres reforça o papel da Igreja Católica na comunidade. O texto termina com a reflexão sobre a fé, a esperança e a importância da preservação da tradição.

Leia mais »
Guadalupe
Literatura
Archipo Góes

O Trio Guadalupe – 1987

O texto narra as memórias da autora sobre sua infância na década de 80, marcada pela paixão por filmes de dança e pela amizade com Sirlene Bezerra Guimarães e Ráifran Silene Souza. Juntas, as três formavam o Trio Guadalupe, um grupo informal que se apresentava em eventos escolares e da comunidade, coreografando e dançando com entusiasmo. O relato destaca a criatividade e a alegria das meninas, que improvisavam figurinos e coreografias, e a importância da amizade que as uniu. Apesar do fim do trio, as memórias das apresentações e da cumplicidade entre as amigas permanecem como um símbolo daquela época especial.

Leia mais »
maçaricos
Literatura
Archipo Góes

Os maçaricos do igarapé do Espírito Santo têm nomes

Maçaricos, aves e crianças, brincavam lado a lado no Igarapé do Espírito Santo em Coari–AM. Um local de rica vida natural e brincadeiras, o igarapé variava com as cheias e secas, proporcionando pesca, caça e momentos marcantes como a brincadeira de “maçaricos colossais” na lama. O texto lamenta a perda da inocência e da natureza devido à exploração do gás do Rio Urucu e faz um apelo para proteger as crianças e o meio ambiente.

Leia mais »
Rolar para cima
Coari

Direiros Autorais

O conteúdo do site Cultura Coariense é aberto e pode ser reproduzido, desde que o autor “ex: Archipo Góes” seja citado.