Deolindo Dantas – 1895

Deolindo Dantas

Archipo Góes

DOI

Deolindo Alfredo Dantas, major da guarda nacional, natural de Teixeira-PB[1], descendente da expressiva família Dantas da Paraíba, sobrinho de João Dantas[2]. Deolindo Dantas ainda criança e sua família chegaram a Manaus-AM no ano de 1895, período “pré-época áurea da borracha”. Por um tempo moraram no Camará (Distrito de Coari) e logo depois na vila de Coari, vindo morar na rua XV de novembro, a rua da frente.

Na sua juventude começou seus empreendimentos em diversas áreas, comprou alguns seringais e castanhais. Foi o primeiro a implantar uma usina de energia, na qual ela supria e provia seus outros negócios, como: uma serraria, fábrica de sabão, padaria, indústria de beneficiamento de pau rosa e uma sorveteria. Comprou as terras da antiga Freguesia e um Sobradinho no Tauá-mirim, pertencente a um turco que já vivia distante, no Oriente Médio. O Antigo dono do Sobradinho passou uma procuração autorizando a venda em árabe, que primeiro foi traduzida em outro documento em francês, para depois ser traduzido para o português finalmente.

Deolindo Dantas foi um dos empresários mais próspero de nossa cidade na primeira metade do século XX, chegando a possuir um famoso barco, que era um bem muito valioso naquele período, com o nome de Alvorada.

Foi casado três vezes. No primeiro, desposou Adelaide Correia Dácia (depois mudou para Dantas), e desse matrimônio nasceu: Antônio Correa Dantas, a filha conhecida como Senhorita, Lamartine Correa Dantas, Nair Correa Dantas e Américo Dantas (Jacó).

O Segundo Casamento foi com Francisca de Freitas Gintirana, e dessa núpcia nasceu Alvelos (Raimundo de Freitas Dantas) e Dandi (Deolindo de Freitas Dantas). E da terceira união nasceu Nelson Dantas, que hoje mora em Brasília.

Na segunda metade da década de vinte, Deolindo, tornou-se um grande líder político devido ao seu sucesso como comerciante desbancando o famoso Coronel Lucas de Oliveira Pinheiro, até então líder da cidade. Contudo, o então Coronel de Barranco Lucas Pinheiro entrou em falência, vendendo a maior parte de seus seringais e castanhais para Deolindo Dantas, assim encerrando suas atividades políticas e econômicas na cidade de Coari.

O major Deolindo Dantas, foi o principal chefe político da UDN (União democrática Nacional), situava-se na ala conservadora dos ruralistas, partido que fazia oposição ao Presidente Vargas, de quem Montoril, era fiel partidário. Possuía muitos bens, principalmente imensos seringais e castanhais, onde se desenvolvia fortemente um comércio extrativista marcado pelo sistema de aviamento que caracterizava a economia amazônica na época.

Nas eleições suplementares realizadas em 11 de março de 1951, o Major Deolindo chegou a eleger deputado estadual seu filho Deolindo de Freitas Dantas, conhecido por Dandi, que recebeu 481 votos representando a UDN. E na mesma eleição Alexandre Montoril foi reeleito pelo PSD (Partido Social Democrático) com 549 votos. Dessa forma, no princípio dos anos dourados Coari tinha dois deputados estaduais que travavam vários embates políticos que influenciaram diretamente a vida da cidade.

O líder político, coronel Deolindo Alfredo Dantas, faleceu em 13 de novembro de 1966.

[1] Teixeira é um município brasileiro no estado da Paraíba, localizado na microrregião da Serra do Teixeira e integrante da Região Metropolitana de Patos.

[2] No dia 26 de julho de 1930, em Recife, João Dantas assassinou João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, então governador do estado da Paraíba. Sua morte serviu como estopim para a Revolução de 30, que trouxe Getúlio Vargas ao poder.


Fonte: Livro Nunca Mais Coari: a fuga do Jurimáguas – Archipo Góes

Gregório José Maria Bene e a Mudança da Freguesia de Alvellos – 1855

A Cólera em Coari – 1991

Cobra Grande do Lago de Coari, no rio Amazonas — 2021

Projetos desenvolvidos em Coari resgatam a cultura popular

Está gostando ? Então compartilha:

6 comentários em “Deolindo Dantas – 1895”

  1. Pingback: Livro Boto Vermelho de Maraã - 2024 – Cultura Coariense

  2. Pingback: A Feira – Cultura Coariense

  3. Pingback: A Praça São Sebastião – Cultura Coariense

  4. Pingback: A Escola – Cultura Coariense

  5. Pingback: O Novenário de Santana – Cultura Coariense

  6. Pingback: História da Catedral de Santana e São Sebastião – Cultura Coariense

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brisa
Literatura
Archipo Góes

Minha Brisa Rosa

A autora relembra sua infância em Coari e as aventuras com sua bicicleta Brisa rosa, presente de seu pai em 1986. Após passeios noturnos pela cidade, um acidente lhe deixou uma cicatriz e encerrou sua relação com a bicicleta. A história mistura nostalgia e a lembrança de uma época marcada por diversão e pequenos riscos.

Leia mais »
Escadaria
Crônicas
Archipo Góes

Escadaria

O texto descreve uma viagem nostálgica da autora ao ser transportado de um trânsito parado para memórias de infância nos anos 80 em Coari. O caminho até a escadaria envolvia passar por figuras e locais marcantes da cidade. Ao chegarem ao rio, ela passava horas flutuando e apreciando aquele cenário.

Leia mais »
dança
Dança
Archipo Góes

Corpos em Movimento: Workshop Gratuito de Dança em Coari

O projeto “Corpos”, contemplado pelo edital Paulo Gustavo, oferece aulas gratuitas de Dança Contemporânea e Improvisação para jovens e adultos a partir de 11 anos. As oficinas exploram a expressividade corporal, a improvisação e o aprimoramento de técnicas básicas, com direito a certificado ao final do curso e uma demonstração artística para a comunidade.

Leia mais »
Garantianos
Folclore
Archipo Góes

Correcampenses x Garantianos

A crônica Correcampenses x Garantianos, narra a rivalidade entre os bois-bumbás Corre-Campo e Garantido em Coari, marcada por brigas e um episódio de violência em 1989. A retomada do festival em 1993 e a vitória do Corre-Campo geraram reações distintas. A crônica reflete sobre a polarização social, a cultura popular como identidade local e a importância da tolerância para a harmonia.

Leia mais »
Santana
Literatura
Archipo Góes

Um dia de Santana em Coari em uma Igreja Ministerial

O texto narra a vivência da festa da padroeira de Coari, retratando a devoção à Santana, a padroeira da cidade, e a importância da fé para o povo local. A narrativa destaca a movimentação do porto, a participação dos trabalhadores da castanha, a procissão, a missa e o arraial, revelando a religiosidade popular e a cultura local. A história do patrão e dos trabalhadores da castanha ilustra a exploração do trabalho na região, enquanto a presença do bispo e dos padres reforça o papel da Igreja Católica na comunidade. O texto termina com a reflexão sobre a fé, a esperança e a importância da preservação da tradição.

Leia mais »
Guadalupe
Literatura
Archipo Góes

O Trio Guadalupe – 1987

O texto narra as memórias da autora sobre sua infância na década de 80, marcada pela paixão por filmes de dança e pela amizade com Sirlene Bezerra Guimarães e Ráifran Silene Souza. Juntas, as três formavam o Trio Guadalupe, um grupo informal que se apresentava em eventos escolares e da comunidade, coreografando e dançando com entusiasmo. O relato destaca a criatividade e a alegria das meninas, que improvisavam figurinos e coreografias, e a importância da amizade que as uniu. Apesar do fim do trio, as memórias das apresentações e da cumplicidade entre as amigas permanecem como um símbolo daquela época especial.

Leia mais »
maçaricos
Literatura
Archipo Góes

Os maçaricos do igarapé do Espírito Santo têm nomes

Maçaricos, aves e crianças, brincavam lado a lado no Igarapé do Espírito Santo em Coari–AM. Um local de rica vida natural e brincadeiras, o igarapé variava com as cheias e secas, proporcionando pesca, caça e momentos marcantes como a brincadeira de “maçaricos colossais” na lama. O texto lamenta a perda da inocência e da natureza devido à exploração do gás do Rio Urucu e faz um apelo para proteger as crianças e o meio ambiente.

Leia mais »
Rolar para cima
Coari

Direiros Autorais

O conteúdo do site Cultura Coariense é aberto e pode ser reproduzido, desde que o autor “ex: Archipo Góes” seja citado.