Homenagem em vida, agora homenagem póstuma

HOMENAGEM DA CONFRARIA ABERTA AO ESCRITOR E POETA COARIENSE FRANCISCO VASCONCELOS

(Texto-fala de José Coelho Maciel, idealizador e coordenador da Confraria Aberta, livre, que em 2013 prestou homenagem a seu conterrâneo Francisco Vasconcelos, escritor e poeta, membro do Clube da Madrugada, União Brasileira de Escritores do Amazonas e Academia Amazonense de Letras.)

Estimados confrades e confreiras, presentes a este ágape para receber nossos convidados – todos especiais – nos reunimos em oportunidades como esta, quando os amigos chegam de outras regiões do país para participar de alguma atividade cultural aproveitamos, assim, para estreitar os laços de amizade e, como não poderia deixar de ser, bater papo descontraído e atualizar os acontecimentos do dia a dia na seara da arte e da literatura, sem descurar, no entanto, de outros temas da atualidade que nos envolve a todos como seres sociais. Como afirmara Aristóteles: “O homem é um “animal político” ( “zoon politikon”), que foi quem primeiro, no mundo ocidental, afirmou ser o homem um animal social, que vive em sociedade, em grupo.

Hoje, sem dúvida é um dia especial porque, vindos de regiões distantes, comparecem ao nosso singelo e descontraído evento, a acadêmica Sarah Rodrigues (Belém-PA), magistrada e poeta amazonense que se destaca nas letras planiciárias e veio a Manaus com a missão de divulgar o seu livro de poesia “Poemas para a minha aldeia” (Prêmio da Academia Paraense de Letras, da qual hoje faz parte, sendo, atualmente, uma imortal da APL. Assim, feito o devido registro, passemos, pois, ao ponto maior de nosso encontro, a homenagem que a CONFRARIA ABERTA, livre, presta no dia de hoje ao jornalista, cronista, poeta e ficcionista Francisco Vasconcelos! Para não ser cansativo, serei breve nos traços biográficos de nosso homenageado. FRANCISCO VASCONCELOS nasceu em Coari-Amazonas, no dia 14 de abril de 1933. Estudou o Curso Primário em Coari e o Curso Secundário em Manaus, ingressando mais tarde na Faculdade de Direito da Universidade do Amazonas, onde colou grau em Ciências Jurídicas e Sociais. Militou na imprensa local, começando o ofício no jornal estudantil “O Centro”, tendo publicado poesias, crônicas, contos e artigos. Foi líder estudantil e presidente da União Estadual de Estudantes Secundaristas e, nestas condições, participou de inúmeros eventos nacionais da UNE – União Nacional dos Estudantes. Pertence a diversas entidades literárias e profissionais, entre as quais a OAB-AM, UBE-AM (fundador) e Clube da Madrugada, destacando-se como um dinâmico presidente desta na sua gestão de 64/65, com um intenso e diversificado programa de atividades culturais no Amazonas, especialmente em Manaus, onde promoveu exposição de artes plásticas, fez realizar festival de música e promoveu inúmeros lançamentos de livros de autores do Clube da Madrugada. Organizou um Suplemento Literário para divulgar a atividade artístico-literária dos clubistas do CM e, também, para oxigenar o Clube, procurou novos talentos nas artes e na literatura, como, entre outros, Carlos Gomes, Márcio Souza, Ernesto Renan Freitas Pinto, que ingressaram no Clube da Madrugada durante sua gestão. Francisco Vasconcelos é imortal da Academia Amazonense de Letras e aposentado pelo Banco do Brasil. Atualmente ele aproveita o tempo para ler e escrever. Já publicou as seguintes obras: “O palhaço e a rosa” (contos, 1963, estando em sua 3ª edição), “Regime das Águas” (contos, 1985); “Casa Ameaçada” (romance experimental urbano, 1992); “Meus Barcos de Papel” (crônicas, 1999); “Coari – um Retorno às Origens” (memórias, 2002); “O Menino e o Velho” (crônicas, 2008). Vasconcelos prepara um novo romance e tem outros livros em elaboração na sua oficina (laboratório de Vulcano, de onde saem seus preciosos textos literários).

Encerro, deste modo, homenageando-o, de minha parte, como seu conterrâneo, fazendo a leitura do acróstico que me passou às mãos em uma das visitas que lhe fiz, quando sentados conversávamos na biblioteca de seu apartamento em Brasília, eu, ele e Adrino Aragão, na noite do dia 13 de agosto de 2010.

ACRÓSTICO, EM TOM DE PRECE, AO POVERELLO DE ASSIS

Francisco Vasconcelos

Santo do amor, possamos nós, um dia,
Ainda neste mundo – inglório, às vezes -,
Onde quer que estejamos, imitar-te.
Fazer um grão do muito que fizeste.
Romper barreiras e praticando o bem,
Armar de amor o mundo, prepará-lo,
No exemplo de bondade que nos deste.
Construir com amor e, diariamente,
Ir ao encontro de Jesus, o Mestre,
Sendo com Ele ou n´Ele a cada instante.
Cobra-nos, Pai, esse querer constante,
Ou inspira-nos viver sem ser ausentes.

(Publicado no Jornal Correio do Amazonas, Manaus, novembro de 2014; enviado depois por e-mail com a dedicatória acima; in Fragmentos – Uma biografia compartilhada, de José Coelho Maciel. Em preparo).

José Maciel, Francisco Vasconcelos, Gracy e Aurea (esposas), no Clube Naval de Brasília.

Está gostando ? Então compartilha:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brisa
Literatura
Archipo Góes

Minha Brisa Rosa

A autora relembra sua infância em Coari e as aventuras com sua bicicleta Brisa rosa, presente de seu pai em 1986. Após passeios noturnos pela cidade, um acidente lhe deixou uma cicatriz e encerrou sua relação com a bicicleta. A história mistura nostalgia e a lembrança de uma época marcada por diversão e pequenos riscos.

Leia mais »
Escadaria
Crônicas
Archipo Góes

Escadaria

O texto descreve uma viagem nostálgica da autora ao ser transportado de um trânsito parado para memórias de infância nos anos 80 em Coari. O caminho até a escadaria envolvia passar por figuras e locais marcantes da cidade. Ao chegarem ao rio, ela passava horas flutuando e apreciando aquele cenário.

Leia mais »
dança
Dança
Archipo Góes

Corpos em Movimento: Workshop Gratuito de Dança em Coari

O projeto “Corpos”, contemplado pelo edital Paulo Gustavo, oferece aulas gratuitas de Dança Contemporânea e Improvisação para jovens e adultos a partir de 11 anos. As oficinas exploram a expressividade corporal, a improvisação e o aprimoramento de técnicas básicas, com direito a certificado ao final do curso e uma demonstração artística para a comunidade.

Leia mais »
Garantianos
Folclore
Archipo Góes

Correcampenses x Garantianos

A crônica Correcampenses x Garantianos, narra a rivalidade entre os bois-bumbás Corre-Campo e Garantido em Coari, marcada por brigas e um episódio de violência em 1989. A retomada do festival em 1993 e a vitória do Corre-Campo geraram reações distintas. A crônica reflete sobre a polarização social, a cultura popular como identidade local e a importância da tolerância para a harmonia.

Leia mais »
Santana
Literatura
Archipo Góes

Um dia de Santana em Coari em uma Igreja Ministerial

O texto narra a vivência da festa da padroeira de Coari, retratando a devoção à Santana, a padroeira da cidade, e a importância da fé para o povo local. A narrativa destaca a movimentação do porto, a participação dos trabalhadores da castanha, a procissão, a missa e o arraial, revelando a religiosidade popular e a cultura local. A história do patrão e dos trabalhadores da castanha ilustra a exploração do trabalho na região, enquanto a presença do bispo e dos padres reforça o papel da Igreja Católica na comunidade. O texto termina com a reflexão sobre a fé, a esperança e a importância da preservação da tradição.

Leia mais »
Guadalupe
Literatura
Archipo Góes

O Trio Guadalupe – 1987

O texto narra as memórias da autora sobre sua infância na década de 80, marcada pela paixão por filmes de dança e pela amizade com Sirlene Bezerra Guimarães e Ráifran Silene Souza. Juntas, as três formavam o Trio Guadalupe, um grupo informal que se apresentava em eventos escolares e da comunidade, coreografando e dançando com entusiasmo. O relato destaca a criatividade e a alegria das meninas, que improvisavam figurinos e coreografias, e a importância da amizade que as uniu. Apesar do fim do trio, as memórias das apresentações e da cumplicidade entre as amigas permanecem como um símbolo daquela época especial.

Leia mais »
maçaricos
Literatura
Archipo Góes

Os maçaricos do igarapé do Espírito Santo têm nomes

Maçaricos, aves e crianças, brincavam lado a lado no Igarapé do Espírito Santo em Coari–AM. Um local de rica vida natural e brincadeiras, o igarapé variava com as cheias e secas, proporcionando pesca, caça e momentos marcantes como a brincadeira de “maçaricos colossais” na lama. O texto lamenta a perda da inocência e da natureza devido à exploração do gás do Rio Urucu e faz um apelo para proteger as crianças e o meio ambiente.

Leia mais »
Rolar para cima
Coari

Direiros Autorais

O conteúdo do site Cultura Coariense é aberto e pode ser reproduzido, desde que o autor “ex: Archipo Góes” seja citado.