Uma narrativa sobre quem foi Joaquim Melo, o grande promotor de cultura do Largo de São Sebastião, no centro de Manaus (AM).
O início do ano de 2023 começou com uma grande perda para o Amazonas. Ao amanhecer de 1º de janeiro, recebo a notícia do cantor Adal Silva sobre o falecimento do grande empreendedor cultural do Amazonas, Joaquim Melo.
Ele nasceu na cidade de Tefé, em 1958. Lá aprendeu as primeiras letras no “grupo escolar São José”. Com 11 anos, Joaquim Melo foi morar em Manaus com a sua família, quando seu pai foi transferido do seu trabalho na Comara.
Era formado em Ciências Econômicas pela UFRN, com pós-graduação em História e Historiografia da Amazônia pelo Departamento de História da UFAM – onde também fez mestrado em Sociedade e Cultura, tornando-se referência para os admiradores de literatura amazônica, estudantes e pesquisadores.
Até 2006, a banca do largo de São Sebastião (centro de Manaus) era apenas uma simples banca de vendas de revistas e jornais. Porém, a partir de 26 de abril daquele ano, quando Joaquim comprou a banca, ela se transformou numa livraria especializada em assuntos sobre a Amazônia.
Logo em seguida, ele organiza o “Tacacá na Bossa”. O Tacacá foi um evento cultural que acontecia sempre às quartas-feiras, com apresentações gratuitas de vários cantores e bandas do Amazonas, de diferentes estilos. O evento foi uma vitrine para os músicos amazonenses e um dos projetos culturais que resistiu ao longo do tempo. Curiosamente, o ponto comercial que era bastante movimentado era sua banca de tacacá, uma bebida tipicamente amazônica, que emprestou seu nome ao evento.
Eu sempre frequentava os sebos de Manaus, contudo era muito difícil encontrar livros sobre a história do Amazonas. A partir de 2015, conheci a Banca do Largo e o amigo Joaquim Mello, logo virei seu cliente assíduo. Foi na Banca do Largo que montei minha pequena biblioteca sobre a História da Amazônia. Depois que lancei meu segundo livro, Nunca Mais Coari, foi na lá que os coloquei para vendas em Manaus.
Joaquim morreu neste 1° de janeiro de 2023, aos 64 anos, vítima de complicações cardíacas após sofrer um infarto na própria Banca do Largo. O livreiro estava internado desde o último dia 20 de dezembro, na Unidade de Terapia Intensiva da Beneficente Portuguesa.
O Largo de São Sebastião, no centro de Manaus, nunca será mais o mesmo sem o Joaquim e seus projetos culturais. Precisamos de mais Joaquins promovendo a cultura amazonense. Vai com Deus amigo Joaquim!
Archipo Góes – 02 de janeiro de 2023
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4 comentários em “Morre Joaquim Melo, o grande fomentador da cultura – 2023”
Seu Joaquim era a referência cultural no Largo, realmente, vai deixar saudades a quem frequentava os eventos culturais e era consumidor assíduo de sua banca. Realmente, precisamos de mais agentes e expoentes da cultura como ele o fazia.
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